15 ódios barbeiros

Considerando que os barbeiros dedicam parte da vida a tentar que se apresente com alguma dignidade, a barbearia é um óptimo lugar para se estar, desde que ignoremos que os homens estão permanentemente a usar objectos pontiagudos e cortantes. Em consequência, é bom que tenhamos a consciência da necessidade de uma boa autodefesa preventiva.
Fomos pedir a vários barbeiros que confessassem o que os incomoda enquanto estamos sentados nas suas cadeiras hidráulicas.
Antes de chegarmos às coisas suculentas, há que referir que os nossos barbeiros admitem que não há nenhuma crise de boas maneiras acontecendo nos salões de todo o país. Sublinham que 99% dos seus clientes são realmente bons e é um prazer tratar desta percentagem.
Vamos então ao que deixa os nossos barbeiros em estado crítico:
- Levar connosco a Yoko Ono
"É realmente desconfortável quando há uma outra pessoa parada sobre o nosso ombro a dizer o que fica melhor ao cliente", dizem quase todos os barbeiros. O ideal é tirar notinhas em casa para depois informar o profissional, sem que ele perceba que são preferências da nossa namoradinha.
Uma nota lateral: se o nosso barbeiro de confiança é uma mulher, mesmo que seja remotamente atraente, no momento em que a nossa namorada a conhece, há uma boa chance de nunca mais lá voltarmos.
- Fixar os olhos do barbeiro
Como há uma navalha a ser pressionada tão perto de coisas importantes, como a jugular, é um pouco mais difícil lutar contra o impulso de manter os olhos abertos, mas fixar os olhos do barbeiro como se o homem estivesse pronto a estripar o Jack, ou como se desejássemos um encontro muito … posterior, num barzinho manhoso, não é aconselhável e pode causar alguma confusão ao profissional que facilmente nos arranca a veia a golpe distraído.
- Não delirar de modo nenhum
Parecer que estamos a ter um orgasmo enquanto o barbeiro nos esfrega lentamente o óleo hidratante na barba, é horripilante. Se ficarmos de olhos abertos ao mesmo tempo? É sinistro.
- Não cortar o próprio cabelo
Como já não temos cinco anos, deve-se dizer que não devemos cortar seu próprio cabelo, mas até mesmo rapar umas coisinhas que achamos que estão a mais pode ser realmente frustrante. Não há nada mais desesperante para um barbeiro do que não conseguir corrigir o que arrancamos “por estar a mais”.
- Dominar as expectativas
É possível mostrar timidamente a fotografia do modelo ou do actor que guia os nossos conceitos estéticos, mas temos de entender que um barbeiro não é um cirurgião plástico. Se queremos o cabelo de Justin Timberlake (é tacanho, mas há gente para tudo) ou doutra estrela qualquer, dependendo do que é fisicamente possível, podemos muito bem tê-lo, mas isso não significa necessariamente que nos tornemos “bonzões”. Podemos ficar com um belo corte de cabelo na cabeça de lontra que sempre foi a nossa.
- Manter a conversa leve
Convém manter a reserva. É evidente que não é regra conversar com o nosso barbeiro sobre os intrincados detalhes da nossa vida amorosa, pessoal, intima. Se temos um relacionamento muito próximo e duradouro com o profissional, tudo bem. O certo é que 99% das vezes as confidências serão tumulares, mas há que ter em conta que uma barbearia é “um mundo pequeno”. Podemos cortar a barba, não podemos “cortar na casaca”.
- Não usar fones
Convém que não sejamos idiotas no barbeiro. Não é recomendação inútil e sem sentido.
- Escovar os dentes e usar desodorizante
Desfazermo-nos numa torrente de mau hálito e de cheiro a próximos de alguém que segura uma tesoura não é uma boa ideia e é ainda pior quando dependemos dos portadores das lâminas para fazer com que tenhamos uma boa aparência. Não conta mastigar pastilha elástica.
- Ficar quieto
Há um objeto pontiagudo perto do nosso rosto e se nos contorcemos apenas distraímos a pessoa que o segura.
- O comprimento do cabelo não determina o preço
O cabelo curto nem sempre é menos trabalhoso que o cabelo comprido. Desejamos apenas o pente zero com poucos euros, não vamos a uma barbearia cara.
- Não tocar em coisas que não são nossas
Em nenhuma circunstância devemos tocar na tesoura do nosso barbeiro, especialmente se imaginamos que precisa de um arranjo.
- Eles são barbeiros - não leitores da mente
Este é um problema facilmente resolvido. Basta trazer uma ou duas fotografias do que gostamos, tendo uma conversa sobre o que é verdadeiramente possível e, em seguida, basta que nos contentemos com a realidade. A maioria dos barbeiros não opina, a menos que perguntemos. Quando dão a sua opinião, é do nosso interesse ouvir.
- Fingir que estamos no cinema
Não enviar SMS, ou desatar a falar ao telemóvel enquanto alguém nos está a cortar o cabelo. Nada é mais rude do que um cliente a acenar para poder atender uma chamada enquanto está no meio da tesourada. Se é uma emergência, podemos informar que há urgência no atendimento da chamada, de contrário é falta de educação. Não vale comer pipocas.
- Não mudar de ideia no meio do corte
Arquivemos isto no dossier do óbvio. Um corte de cabelo não é como um carro, uma camisa ou mesmo um jantar. Uma vez que o corte está em andamento, é quase impossível modificar o processo.
- É uma barbearia, não um bar
Servir bourbon, café ou cerveja em barbearias é uma tendência recente, mas, ao que parece, se a bebida nos leva a fazer striptease ou à baba e ao ronco do género troglodita, é um descalabro para toda a barbearia. Tudo com moderação.