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No dia 18 de outubro de 2019 começou no Chile uma série de protestos de grande escala conhecidos como Explosão Social (estallido social), uma das maiores revoltas da história do país que durou até março de 2020.
Enquanto as demandas dos cidadãos se concentravam na desigualdade social, depois da devastação de décadas de políticas neoliberais, a agitação começou na esteira de um aumento da tarifa do metro de Santiago em 6 de outubro, após o qual centenas de estudantes do ensino médio saltaram as barreiras em várias estações, pedindo evasão de tarifas. Após dias de confrontos entre estudantes e polícia, em 18 de outubro, o governo de direita de Sebastián Piñera anunciou acusações sob alçada a lei de segurança do Estado, que prevê penas severas. Em resposta, milhares de pessoas saíram às ruas, exigindo também diversas melhorias nas condições de vida e o fim dos abusos da classe política e empresarial. Foram construídas barricadas e ocorreram atos de incêndio criminoso e saques. No dia seguinte os protestos espalharam-se por todas as regiões do Chile.
A repressão estatal foi extremamente violenta e incluiu tortura, violência sexual, mutilações e execuções extrajudiciais, conforme constataram relatórios sobre violações de direitos humanos emitidos por diversas organizações internacionais. As ações da polícia resultaram em 34 mortes, mais de 8.000 feridos e mais de 400 casos de mutilação ocular, incluindo Gustavo Gatica e a transeunte Fabiola Campillay, que perderam os olhos após ataques diretos no rosto. Até o momento, apenas 0,1% dessas queixas resultaram em condenações. Após meses de revolta, as manifestações diminuíram com os surtos de CoviD-19 e após um acordo de políticos para organizar um referendo sobre uma nova constituição. Em 2020, um plebiscito determinou que a grande maioria do país queria a abolição da constituição da época da ditadura. Neste momento (outubro de 2022), a formulação de uma nova constituição ainda está em andamento.