Lucidez e água benta

Não existe justificação, neste e em qualquer outro mundo paralelo a este, para a invasão russa da Ucrânia. Putin é um criminoso de guerra.
Condenação pura e dura.
É bom que se sublinhe esta convicção.
Há, contudo, que ter em conta, muito em conta, que durante as décadas do poderio de Puntin, o mundo Ocidental tolerou as suas diversas e semelhantes atrocidades. A Síria é bom disso exemplo.
É preciso ter em consideração que o atual Presidente da Ucrânia sempre tolerou com bastante ligeireza as milícias nazis que desfilaram em várias cidades do seu país, acabando mesmo a proibir partidos políticos com uma posição diferente da sua, ilegalizando quase uma dezena de organizações legalmente estabelecidas no seu país.
Há, contudo, que ter em mente que Zelensky, neste cenário de guerra, assumiu uma atitude suspeita em relação aos homens com mais de 18 anos, decidindo que ficariam dentro das fronteiras do território. As imagens dramáticas destes heróis forçados, sem qualquer treino militar, estão a esmagar e a esconder as tragédias dos homens de várias idades separados das suas famílias e obrigados a combater. Como é sabido mulheres e crianças representam o papel a que a selvajaria sempre lhes entregou: o de fugirem para os abrigos, o de chorarem os homens, e o de se refugiarem em países que as acolham.
É bom que estejamos conscientes da movimentação de neo-nazis, alguns deles com cadastro, que se mobilizam e partem para a Ucrânia para treinar os seus.
É bom que tenhamos em conta que Zelensky surge no Panamá Papers (e não por ter passado férias no País); que os membros do Partido corrompidos pelos oligarcas “entram em direto”, submetidos a um detector de mentiras para tentar provar que não receberam luvas; que é pública a gravação – sem desmentido – da conversa de Trump com Zelensly, onde Trump lhe promete 400 milhões em armamento em troca de ver vigiados os negócios do filho de Biden na Ucrânia e é sabido que recentemente Zelensky comprou em Londres um palácio que o rei tinha colocado a venda.
É importante sublinhar que a língua russa (falada por 45% dos ucranianos) foi proibida na Ucrânia e abolido o seu ensino. É importante saber que têm passado ao lado as manifestações, antes da guerra, de ucranianos russos contra Zelensky, que admitiu e assumiu e prometeu acabar com a guerra civil no Donbass que dura desde 2014 e que já fez 14 mil mortos.
São 4 milhões de pessoas em fuga.
É importante que deixemos de ser hipócritas e esperar que desta vez se escreva em pedra o nome e as atrocidades de todos os que assumem o poder e o vergam e usam depois em proveito próprio.