Can't Help Myself

Existem obras-de-arte que nos afectam emocionalmente, mas a peça "Can't Help Myself" criada por Sun Yuan e Peng Yu é comovente.
Consiste num braço mecânico, robotizado, programado para tentar conter o fluído hidráulico que escorre constantemente e é essencial para que a máquina se mantenha em funções. Se escapar muito, o robot morrerá. Vemos a máquina a tentar desesperadamente recolher o fluído para poder continuar a lutar por mais um dia.
A parte mais trágica é que deram ao robot a capacidade de dançar, de fazer umas "danças felizes", para divertir os espectadores. Quando o projecto foi lançado pela primeira vez, o braço dançava, passando a maior parte do tempo a interagir com a multidão, já que poderia rapidamente recolher o pequeno derramamento.
Passados alguns anos o robot parece esgotado (sem esperança?).
Já não havia mais tempo para dançar. Agora só existia tempo para se tentar manter vivo à medida que a quantidade de fluído hidráulico perdido se tornava incontrolável, à medida que o derramamento crescia ao longo das horas. O robot vivia os seus últimos dias num ciclo interminável entre sustentar a vida e simultaneamente sangrar (o fluído hidráulico foi feito propositalmente para parecer sangue).
O braço do robot finalmente ficou sem fluído hidráulico em 2019. Parou lentamente e morreu. Foi programado para viver esse destino e não importa o que fez ou quão difícil foram as suas tentativas para sobreviver. Não havia como escapar. Os espectadores observaram enquanto sangrava lentamente até o dia em que parou de se mover para sempre.
Metáforas extraordinárias e interpretações múltiplas encontram-se nesta obra cuja deslocada e aparentemente inexistente crueldade e impossível, mas mesmo assim implacável sofrimento, se tornam alavancas de toda uma imensa comoção e humanização da máquina por uma quase mecanização da indiferença humana.