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A América sempre gostou de violência, acontece que é muito específica acerca de quem está autorizado a exercê-la.
É muito importante continuar a seguir este caso.
Dele, o governador Josh Shapiro diz:
"A atenção dispensada a este caso, especialmente online, tem sido profundamente perturbadora. Termos gente a celebrar um assassino em vez de o condenar. Não é aceitável. Nos Estados Unidos não assassinamos pessoas a sangue frio para resolver diferenças ou expressar pontos de vista diversos". Seria bonito e muito bem dito se Josh Shapiro não tivesse sido fotografado a assinar bombas supostamente para uso de Israel.
Ignorando a real possibilidade de Luigi Mangione se ter deixado capturar intencionalmente (pelo pouco que sabemos até agora) o caso é uma fascinante combinação de brilhantismo impressionante e estupidez desconcertante. Este jovem alegadamente planeia e executa um assassínio e fuga com um tão meticuloso cuidado e calma que se suspeita que Mangione pode muito bem ser um assassino profissional. Tem movimentos dignos de um vilão enigmático. Escreve o seu manifesto poeticamente nas balas e deixa para trás a mochila cheia de dinheiro falso, "de brincar". Usa cuidadosamente uma máscara para evitar ser identificado, mas remove-a porque a mulher que fazia o seu check-in no albergue namoriscou com ele e queria ver-lhe o sorriso. Consegue escapar da cidade mais vigiada do país no meio de uma "caça ao homem" de nível nacional, para ser capturado no meio do nada, na Pensilvânia, enquanto comia no McDonald's. Por algum motivo, ainda usava as mesmas roupas e máscara de Nova York e carregava a mesma arma com o silenciador. Quando os policias o detiveram, Mangione mostrou o mesmo documento falso que tinha usado em Nova York.
Ah, sim, ele é um "frat bro" (membro de fraternidade), um "rato de biblioteca" com um mestrado em ciência da computação pela Penn, mas lê livros de autoajuda idiotas sobre "estar no grind" (trabalho incessante). É "anti-woke", mas declara-se bissexual. Sofre de ansiedade e quer acabar com o capitalismo opressor.
Apenas os EU são capazes de criar uma pessoa como Mangione.
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Luigi, até agora, e apesar de acabar de ser acusado de terrorismo, ainda é inocente até que se prove o contrário.
No entanto o New York Times desencoraja a partilhar de fotos de Luigi Mangione (não por preocupações com a sua segurança, mas para evitar que se gere simpatia) e recusa-se a publicar na íntegra seu suposto manifesto.
O Reddit cancelou a conta de Luigi, completamente inofensiva, consistindo basicamente em conselhos saúde. Também está a apagar qualquer post que inclua o suposto manifesto e a banir usuários que o partilhem.
A imprensa está a dissecar detalhes da vida de Mangione para o descrever como um indivíduo frio e mentalmente instável e até mesmo algo tão inocente como jogar "Among Us" com amigos está a ser interpretado como um olhar sinistro para a mente perturbada de um assassino.
Revelam a suposta incapacidade de ter relações sexuais devido a alegadas feridas e injúrias passadas.
Estão a ser exploradas as supostas “políticas bizarras e impossíveis de entender” de Luigi como uma forma óbvia de o pintar como uma figura assustadora, no entanto, as opiniões do "terrorista" são parecidas com as de um qualquer homem branco com ensino superior.
As notícias dão insistentemente conta de que Luigi pertence a uma família rica, dir-se-ia numa tentativa óbvia de quebrar a "solidariedade de classe" que se foi formanda em torno desse caso, repetindo incessantemente “ah, ele não é como vós, trabalhadores”, mas ignoram os relatos agora bem documentados sobre as várias dificuldades de saúde que Mangione enfrentou ao longo dos anos e que o aproxima dos que padecem com as Seguradoras de Saúde.
E tudo isso, apesar do homem nem sequer ter sido considerado culpado do crime que supostamente cometeu. Luigi, até agora, ainda é inocente. O problema é o medo do capital simbólico que o alegado assassino está a recolher entre as classes baixa e média que contribuiram grandemente para a eleição de um homem que se cercou de arquimilionários para formar o gabinete que vai reger o país durante os próximos quatro anos. Se o MAGA não for apenas um culto, Trump vai começar a assar no trono.
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Seria importante recordar nesta altura Briana Boston. Briana é uma mãe de 42 anos, com três filhos, a viver na Florida, que está em prisão domiciliar por expressar a sua frustração à Seguradora (que paga sem falhar) que negou sua reivindicação. Briana não possui nenhuma arma e não tem antecedentes criminais.
Inicialmente foi mantida presa com uma fiança de $100.000. As acusações não foram retiradas e continua em prisão domiciliária à espera que a acusem de terrorismo para passar 15 anos na prisão. Briana Boston insultou a Companhia de Seguros por telefone.
Começam a aparecer cartazes colados nos muros da cidade com fotografias de vários CEO de outras Companhias de Seguros de Saúde avisando que os fotografados podem ser os próximos. É provável que, se os mega e os maga milionários continuarem a ser ameaçados de morte, a lei que permite o uso indiscriminado de armas venha a ser repensada e alterada.